domingo, 16 de abril de 2017

Eu sempre falei



A pior coisa que pode acontecer para muitas pessoas é depois de uma derrota ouvir ”Eu não te disse”. Dói descobrir que estávamos errados, que deixamos de escutar as pessoas que tentaram nos ajudar.

Um relatório da FIRJAN comprova a verdade sobre as isenções fiscais do Estado do Rio, que começou em 2004, e aumentou muito com a eleição de Cabral, e chegamos ao fundo do poço no governo Pezão.

Na teoria as isenções fiscais são uma boa solução para se atrair empresas para o Estado, elas geram empregos, aumentam a concorrência dentro do Estado, na prática elas foram estendidas a empresas já estabelecidas no Rio, e estas empresas que por anos pagavam impostos, deixaram de pagar, e a receita do Estado foi caindo sem que as pessoas percebessem. É crime conceder este tipo de isenção, mas no Estado foi uma festa para o empresariado. Estas isenções foram também estendidas ao setor de comércio, e serviços, no Rio o empresário fica com o imposto que você paga, e tem um lucro maior. E você que deveria receber este imposto de volta em forma de serviços públicos, vê hoje o Rio falir, sem serviço algum. Está certo, a crise foi aumentada pelo governo no sonho de ter novos empréstimos, mas desde o início que a gente vem pedindo um pacto com o empresariado para que parte desde imposto voltasse para os cofres do Estado, que assim honraria seus compromissos.

O descrédito que este governo enfrenta, está nesta incapacidade de mexer nas isenções, um dos crimes que ocorreram no Rio, e a soma de todos os crimes pode se igualar, ou até superar os valores da Lava Jato, aliás as maiores fraudes da Lava Jato estão no Rio, somos campeões em escândalos financeiros.

O plano de mudar o Rio continua no modelar a metrópole, e passa pelo saneamento e água para a baixada, com o saneamento sendo feito por Unidade de Tratamento de Rio, e se vendendo para a população água de reuso. Tudo sendo feito com o dinheiro de um empréstimo bilionário do banco mundial. A economia com as UTRs, vai fazer o dinheiro do empréstimo ser usado também na construção de 10 autoestradas na baixada, com cargas indo e vindo, e se trocando os ramais de Saracuruna, Belford Roxo, Guapimirim, e Vila Inhomirim de passageiros, para serem exclusivos de carga. E como a população vai trabalhar no centro do Rio? Não vai, estão tentando convencer a todos a trabalharem na baixada, onde? Cada um que se vire, isso é um dos erros do plano.

80% dos moradores da baixada trabalham no Rio no setor de serviços, e não estão habilitados a trabalhar nas indústrias automatizadas que se instalaram na região. Não tem vaga para todos, e vai faltar gente para o setor de serviços no centro, o trem continua sendo importante para a população da baixada, mas a ambição desenfreada passa por cima de tudo para atingir seu objetivo.

Na região diversos galpões logísticos, na maioria de políticos, esperam as obras, e uma grande produção e venda das industrias já instaladas, para enriquecer ainda mais. Tudo estava acertado, só esqueceram que no meio tem uma grave crise, gerada pelo excesso de corrupção, e agora o governador se desespera para conseguir novos empréstimos para poder dar o pontapé inicial no modelar a metrópole, e voltar a ser o salvador da pátria.

Hoje o Rio tem mais de 2700 empresas beneficiadas com isenções fiscais, e segundo a FIRJAN somente 199 vieram de fora do Rio, ou seja, eu falava de 20%, e acreditava que o número certo seria em torno de 15%, mas na verdade nem 10% das empresas beneficiadas vieram de fora. Não queria errar nas contas, afinal nunca recebi um dado do governo, apesar de existir o Transparência Brasil, tudo o que recebi foi como neste relatório, onde alguns números aparecem, e com um número aqui, e outro lá, pude provar que desde o início eu estava certo, as isenções são um dos vilões da crise.

As 199 empresas querem deixar o Rio, voltar aos Estados de origem, ou fecharem esta filial, uma empresa quando se instala precisa vender 50% de sua produção no Estado, e sem circular dinheiro pelo Rio, as vendas estão bem abaixo do esperado, e sem vender não adianta ter isenção, autoestrada, e galpões logísticos, abandonar o Rio se torna uma necessidade para escoar a produção.

O maior erro do governo não foi negociar as isenções com o empresariado, o maior erro foi deixar os servidores sem salários. Se somar servidores, aposentados, inativos, pensionistas, os terceirizados, e seus familiares, temos 20% do povo. Povo este desprezado ser que só é lembrado na época de eleição. Pois é, sem que o povo compre, gaste, não há consumo, sem consumo para que produzir????

E um outro detalhe as indústrias instaladas são automatizadas gerando a metade dos empregos que o governo anunciou.

Se você deixar o povo sem salário, o povo não tem dinheiro para consumir, e com um consumo 20% menor que em outros Estados, por penalizar os servidores. O Rio que é o segundo PIB do Brasil, está em décimo lugar em matéria de consumo, caindo a cada mês, e de cada 3 desempregados no Brasil, 2 são do Rio.

Outros Estados apresentam uma pequena recuperação nas empresas de internet, e no setor de serviços, no Rio, todos os setores ainda continuam em queda, sem perspectiva de recuperação. O plano de recuperação do Rio quer aumentar em 3% a contribuição previdenciária, só que isso gera uma despesa para o governo de 6%, já que para cada real que o servidor paga o governo tem de colocar 2. E uma cota extra de 8%, que vai reduzir o poder de compra de 20% da população do Estado. O servidor perde 11%, e o governo só aumenta sua arrecadação em 2%, os 3% nada acrescentam, e dos 8%, 6 % o governo tem de recolher para a previdência. Cadê o aumento em 10% de arrecadação assinado no acordo com o Temer?

E mesmo com os salários em dia, vamos continuar na mesma, sem consumo, sem venda, sem produção, e sem recuperação. O servidor sem aumento, com um desconto maior em 11%, o imposto de renda sendo cobrado sobre o valor integral do salário, e a inflação corroendo tudo, continuará a não consumir.

As 199 empresas receberam isenções fiscais para compra de produtos primários, compra de máquinas e equipamentos, financiamento da unidade automatizada nova e capital de giro, vendendo seus produtos com isenção, que é um lucro maior, e tudo isso se perde por não vender pelo menos 50% no Rio, vamos criar autoestradas, ter galpões logísticos, tirar o trem de passageiros, cobrar das pessoas por água de reuso, e por um saneamento que nenhum país sério faz, e taxar o salário do povo, mas sem o consumo interno todo este trabalho vira pó, e levaremos as empresas para longe do Rio, e este plano vai deixar o Estado em último lugar no Brasil.

Acho que estas empresas não vão pagar nada dos empréstimos contraídos, e ainda vão pedir ajuda para mudar do Rio, e a farra com o dinheiro público continua, você pagou por tudo, vai continuar pagando, sem o devido retorno.

O impeachment não anda, a CPI das isenções sem data, o julgamento do TSE vai demorar, pois Pezão recorreu no Rio, e o povo vai continuar sofrendo por ter votado mal e não ter como poder mudar esta escolha. Este plano de recuperação fiscal vai falir de vez o Rio, e vamos ter de deixar de ser um membro da federação, e nos incorporarmos a um outro Estado. O último a sair favor apagar a luz.

Só você pode mudar tudo isso, assine o manifesto de apoio ao pedido de impeachment do MUSPE, somente com o apoio popular vamos poder recuperar o Rio de verdade.

www.muspe.org

Carlos Senna Jr

MTE 32447/RJ

carlossennajr@yahoo.com.br

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